Iniciativas empreendedoras que aliam natureza e turismo de experiência, qualidade de vida e sustentabilidade e lazer com a prática esportiva movimentam a economia ao mesmo tempo em que oferecem soluções com propósito. Esses foram os motivos que levaram Carlos, Arthur e Matheus a apostar em negócios que combinassem seus estilos de vida com a preservação do meio ambiente, já que as atividades escolhidas são feitas ao ar livre e, o melhor, sem poluentes. Afinal, caiaques, stand-ups e canoas, seus "instrumentos" de trabalho, exigem apenas o esforço de quem os pratica.
Além disso, os negócios desenvolvidos pelos três empreendedores possibilitam conhecer gente nova e, de quebra, permitem que em os ensinamentos daquilo em que acreditam.
Carlos Augusto Guimarães, de 37 anos, trabalha no ramo do turismo desde 2012 e há cinco anos criou a Alma Nativa, empresa de ecoturismo que realiza trilhas, eios de caiaque, rapel, entre outras atividades.
“Percebi que as pessoas tinham dificuldade de ar algumas montanhas no Estado, como o Parque da Fonte Grande e o Mestre Álvaro, e pediam para que eu fosse o guia por essas trilhas”, explica.
Carlos Augusto Guimarães
Dono da Alma Nativa
Não sabia que o que eu gostava de fazer como hobby poderia se tornar uma profissão. Com o tempo, fui me aperfeiçoando, aprendendo a lidar com o público, fazendo curso e adquirindo novas habilidades
Guimarães também decidiu inovar e investir nos eios com caiaques, com a aquisição de 11 unidades. Para realizar os trajetos, o empreendedor conta com o auxílio de prestadores de serviços. A equipe também ajuda no transporte dos equipamentos.
“Pensei em como amo Vitória. Tenho esse sentimento de pertencimento e queria fazer algo que fosse diferente. Nasci e cresci na Capital e acredito que meu estilo de vida ajudou à criação da empresa”, complementa.
Logo no início, os eios eram individuais e personalizados, mas o empresário percebeu que, se marcasse datas específicas, também teria um bom público. Antes de entrar no mar, são dadas instruções de manuseio dos remos para os participantes.

Um dos eios de caiaque organizados por Carlos Guimarães sai da Praça do Papa, atravessa a Baía de Vitória e vai até as ruínas de Dona Marta, que fica aos pés do Morro do Jaburuna, em Vila Velha. A travessia começa ainda de madrugada e permite aos participantes apreciar o nascer do sol e remar na companhia de golfinhos. Também há eios noturnos para apreciar o nascer da lua cheia.
Outra opção é a meia volta à Ilha de Vitória, que sai da Praia de Camburi, atravessa o canal e chega na área de manguezal da Ilha das Caieiras. Para quem gosta de trilha, uma expedição ao Pico da Bandeira também pode ser agendada. E não vai parar por aí, já que outros projetos estão sendo desenvolvidos.
Guimarães é registrado como Microempreendedor Individual (MEI), fez o curso do Empretec (do Sebrae), além de qualificações na área de turismo e de primeiros socorros. Tudo com o objetivo de atender quem participa das atividades.
Carlos Augusto Guimarães
Dono da Alma Nativa
Foi um presente que a vida me deu, poder fazer o que eu gosto e ser remunerado por isso. Os eios de caiaque são voltados para o lazer e o bem-estar, para quem nunca remou e também quer ter contato com o mar
“Nosso ramo é itinerante. Então, conseguimos carregar todo nosso equipamento para qualquer lugar com o auxílio de um reboque”, acrescenta.
A agenda é montada em datas próximas, para evitar os imprevistos com o tempo e também conforme a demanda. Toda a divulgação é feita no Instagram.
“A gente começa porque acha bonito e vai percebendo a necessidade de cuidar melhor do meio ambiente, do lixo, de se conectar com a natureza, além de ser uma atividade terapêutica. Cuidando do meio ambiente agora, a gente pode deixar o planeta mais bem preservado para o futuro”, relata.

Outra empresa que aposta no contato com a natureza é a Almar 027, de Arthur Aragão, de 34 anos. Assim como Carlos Guimarães, o empresário é registrado como MEI e utiliza caiaque e stand-up todos os dias para quem gosta de apreciar o amanhecer e o entardecer em Vitória. A sede da empresa fica na Praia da Guarderia, na Capital.
Ele abriu o empreendimento em janeiro de 2024, quando comprou os caiaques e as pranchas. Para isso, procurou o Sebrae para ter as orientações, como o registro do CNPJ e da marca, e até para obter o a crédito. O empresário relata que, antes de se dedicar ao próprio negócio, trabalhava na indústria, nas áreas de segurança do trabalho e meio ambiente.
Arthur Aragão
Dono da Almar 027
Fazer esporte sempre foi um estilo de vida, um lugar para limpar a minha cabeça, ter qualidade de vida e uma saúde mental bacana. Não considero um trabalho. Quando estou no mar, eu me divirto
“A gente tem veia ecológica. Fala sobre a importância de descartar o lixo corretamente, de recolher o lixo do mar durante os eios, sobre a fauna e a flora. Afinal de contas, moramos em Vitória e muita gente não sabe da beleza que está no nosso quintal”, descreve.
Para ampliar ainda mais seu conhecimento, Aragão está em uma graduação em turismo. Hoje, a empresa conta com três trabalhadores diretos que atuam em uma escala de revezamento. A divulgação dos eios é feita via Instagram.

Um clube de relações humanas através da canoa polinésia, mais conhecida como Va’a. É assim que Matheus Leandro Loureiro, de 34 anos, define o trabalho desenvolvido por sua empresa, a Trip Canoa, que também fica na Praia da Guarderia, em Vitória. Ele começou a dar aula de canoa em 2021. Gostou tanto que, três anos depois, decidiu investir no próprio negócio. Assim como Carlos e Arthur, Matheus é registrado como MEI.
“Sou apaixonado pelo desenvolvimento humano através da canoa e esse ou a ser o meu propósito. Nosso objetivo não é tornar as pessoas competitivas, mas entender o potencial que elas têm, independentemente de idade e gênero. Minha mãe apresentou o esporte para o meu pai e eu fui praticar depois dele. Por isso, falo que a canoa é para todos e é um dos esportes que mais crescem no Estado”, relata.
Na avaliação de Loureiro, a sociedade está cada vez mais dispersa, solitária e perdendo tempo demais com as redes sociais. “Temos nos afastado cada vez mais um do outro por conta da tecnologia. Há uma necessidade humana de ter contato com a natureza e, por isso, as atividades ao ar livre atraem um público cada vez maior”, resume.
As aulas na Trip Canoa acontecem de segunda a sábado. A equipe também faz eios turísticos com visitantes de outras cidades e Estados, além de atividades corporativas. Os alunos acabam se tornando atletas amadores, pois participam de campeonatos, como explica Loureiro. Os interessados podem entrar em contato pelo Instagram.
"O esporte no mar proporciona uma meditação, um olhar para dentro de si, e tudo isso faz parte do exercício. Comecei a remar em 2018 em outro clube e há apenas três anos decidi por algo meu. O chamado aconteceu quando eu estava um pouco perdido e queria ar essa transformação de vida para outras pessoas", conta.
Logo no início, eram apenas canoas individuais; depois, vieram as coletivas.
Matheus Leandro Loureiro
Dono da Trip Canoa
É um privilégio juntar sustentabilidade e estilo de vida em um negócio
Loureiro lembra que ainda não existe um alvará para a prática da atividade. Entretanto, empresários do ramo estão em conversa com a Prefeitura de Vitória e a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para regularizar e organizar o esporte.
Aposta no turismo de experiência
O turismo é um dos temas prioritários do Sebrae/ES. Isso porque a instituição entende que o setor pode transformar a realidade dos territórios. Segundo o analista de Turismo da instituição, Leandro Dalcomo Tononi, a modalidade contempla o ecoturismo e o de aventura, ambos com uma forte tendência de crescimento no Estado.
O analista destaca que o Sebrae conta com soluções de modelagem, plano de negócios, orientação sobre gestão, organização e estratégias de divulgação e marketing, que valem tanto para quem quer começar a empreender quanto para quem já tem o próprio negócio.
“O Espírito Santo tem uma ótima vocação para atividades náuticas, que ainda despertam consciência ambiental. Todos nós somos defensores da atividade turística, que, quando bem planejada, bem organizada e executada com respeito ao meio ambiente, contribui para a preservação da natureza. As pessoas am a conhecer melhor a utilidade daquele ecossistema, valorizando muito mais a sua preservação”, explica.
Negócios aliam sustentabilidade com estilo de vida
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