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'Vingança' pode estar por trás de assassinato de vereador no ES

'Vingança' pode estar por trás de assassinato de vereador no ES

Ronaldo de Oliveira, conhecido como "Cupim", e o sobrinho, Maycon Oliveira Trarbach, teriam participado diretamente da execução do vereador Leomar Cazotti Mandato, diz polícia

Publicado em 3 de junho de 2025 às 17:42

De um lado, a prisão de Ronaldo de Oliveira, conhecido como
De um lado, a prisão de Ronaldo de Oliveira, conhecido como "Cupim"; de outro o local do crime e no destaque a vítima Crédito: Polícia Civil / Leitor / Montagem A Gazeta

A principal linha de investigação do assassinato do vereador e então candidato à reeleição Leomar Cazotti Mandato (PV), de 43 anos, ocorrido em 30 de agosto de 2024, em Governador Lindenberg, no Noroeste do Espírito Santo, é crime de vingança.

Os presos na primeira fase da Operação Lista Negra, que apura os envolvidos na execução do parlamentar, são Ronaldo de Oliveira, conhecido como "Cupim", e seu sobrinho, Maycon Oliveira Trarbach. A informação foi confirmada à reportagem por fontes policiais. Além das ordens de prisão temporária, foram cumpridos 16 de busca e apreensão autorizados pela Justiça de Colatina. Armas e celulares estão entre os objetos apreendidos, que vão ar por perícia. 

Dias antes de ser morto, Leomar havia encaminhado ao Ministério Público (MPES) e à imprensa regional uma série de denúncias contra empresários e políticos supostamente envolvidos em esquemas criminosos. Um dos alvos dessas denúncias, conforme a apuração, é um homem também investigado no caso do homicídio e que seria sócio de Maycon, que residia na Grande Vitória.

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'Vingança' pode estar por trás de assassinato de vereador no ES
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Fotos Maycon Oliveira Trarbach, um dos presos na Operação Lista Negra Crédito: Reprodução / Facebook

Ele teria ado a atuar nessa empresa em Governador Lindenberg a convite do tio, Ronaldo de Oliveira, conhecido como “Cupim”. Para a polícia, ambos não seriam os executores do crime, mas estão diretamente envolvidos no assassinato do vereador, após sentirem que as denúncias feitas pelo parlamentar poderiam impactar os negócios. 

Conforme apurado pela reportagem com fontes policiais, a Delegacia Especializada de Armas e Munições (Desarme) é a responsável exclusiva pela apuração do homicídio. Qualquer menção a outros crimes será investigada por outras unidades da Polícia Civil, com o apoio do Ministério Público. A Polícia Civil informou que não pode fornecer detalhes, pois a investigação corre sob sigilo.

Operação Lista Negra

Na última sexta-feira (30), nove meses após o crime, a Delegacia Especializada de Armas e Munições (Desarme) realizou uma grande operação, batizada de 'Lista Negra', com apoio de outras corporações, para cumprir duas ordens de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão contra suspeitos de envolvimento no homicídio. As prisões ocorreram em Governador Lindenberg e em Cariacica, na Grande Vitória. Os mandados de busca foram cumpridos na Serra, Viana e Cariacica, na Grande Vitória, e em Governador Lindenberg e Colatina, no Noroeste.

O delegado Guilherme Eugênio Rodrigues, à frente da investigação do homicídio, informou que os presos na operação não teriam participado diretamente da execução da vítima, conforme apontam as investigações. 

Eles são apontados como envolvidos, nenhum deles figura como atirador. Acredita-se firmemente na participação deles"

Guilherme Eugênio Rodrigues

Delegado titular da Delegacia Especializada de Armas e Munições (Desarme)

"Houve a decretação da prisão temporária, empregada durante a investigação, que vem avançando bastante. Ainda há muito a se fazer, mas já temos um resultado já alcançado. Cumprimos também diversos mandados de busca e o material apreendido vai ser analisado em busca de elementos que colaborem com a investigação”, explicou o delegado.

“Foram muitos mandados de pessoas que aparentemente se encontram, de alguma forma, envolvidas nesse homicídio. A prática de um homicídio não se resume à realização de disparos. Até que se chegue nessa etapa, há alguém que a informações privilegiadas, monitora a movimentação da vítima, que apura as intenções da vítima, que levanta o local, pessoas que emprestam motos e armas. Não é impossível que um único homicídio chegue a mais de 10 condenações. Não posso dizer que isso vai acontecer, é muito cedo para afirmar, mas tento explicar porque tantas buscas para a elucidação do homicídio”, comentou.

"Nós temos mais de 10 pessoas na condição de suspeitas e muitas delas possuem armas registradas. Mas, diante da suspeita, estamos apreendendo para submeter a permanência do porte à apreciação do judiciário", acrescentou o delegado.

Relembre o crime

  • O então vereador e candidato à reeleição Leomar Cazoti Mandato (PV) foi assassinado na noite de 30 de agosto de 2024, na comunidade de Fazenda Bernabé, zona rural a cerca de 8 km do Centro de Governador Lindenberg, durante a campanha eleitoral das eleições municipais. No momento do crime, ocorria um encontro político com a presença de outros candidatos que também disputariam o pleito. A reunião era promovida pela Federação Brasil da Esperança (formada por PT, PV e PCdoB) e contava com apoiadores e moradores da região, após uma semana de campanha local.

  • Conforme informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), na noite daquela sexta-feira, dois suspeitos chegaram em uma motocicleta ao local do evento e a pessoa que estava na garupa do veículo atirou contra o vereador Leomar no momento em que ele realizava adesivagem de veículos com apoiadores na parte externa do local do comício.
     
  • Depois, os atiradores fugiram. Na época do crime, o governador Renato Casagrande prestou condolências aos familiares e amigos do vereador em suas redes sociais. O chefe do Executivo falou na ocasião sobre os esforços das forças de segurança do Estado para localizar e identificar os autores do crime.
     
  • "O assassinato do vereador Leomar Cazoti, de Governador Lindenberg, não ficará impune. Nossas forças de segurança estão mobilizadas e irão colocar os assassinos atrás das grades. Meus sentimentos aos amigos e familiares", publicou o governador Casagrande, nas redes sociais, na época.

A reportagem procurou o Ministério Público (MPES) para saber como está a apuração das denúncias feitas pelo vereador assassinado. O texto será atualizado quando houver retorno. 

Defesa

A reportagem tenta localizar as defesas de  Ronaldo de Oliveira, conhecido como "Cupim", e seu sobrinho, Maycon Oliveira Trarbach. O espaço segue aberto.

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